terça-feira, 25 de novembro de 2014

Quando a escola é o circo

Escola Pernambucana de Circo usa a arte para transformar a vida dos alunos


(Imagem: Laís Lacerda Vareda)

Esqueça o picadeiro, o cheiro de algodão doce e pipoca. Tire os trailers que ficam nos arredores do terreno, a música que você não sabe se quer o nome, mas sempre vem à mente quando se fala de circo, as gargalhadas, os olhares assustados e impressionados. Apague tudo isso da mente e substitua por sonhos. Na Escola Pernambucana de Circo (EPC) não existe nenhum elemento mais circense, mas possui 100 crianças, adolescentes e jovens que carregam essa arte no coração.

Ela surgiu em 1996 com a missão de promover a inclusão de crianças e jovens de classes mais populares através do circo, fortalecendo a identidade cultural, o vínculo social e a cidadania. Desde 2002 a iniciativa tem sede na comunidade da Macaxeira, no Buriti, Recife e atende, atualmente, 100 participantes de 6 a 29 anos. 

Como se alimentar sonhos não fosse o bastante, a EPC faz parte do Núcleo Formação da Rede Circo do Mundo – Brasil (RCM-BR), instituição que surgiu em 1999 e forma educadores sociais com base no circo. Além disso, a Escola coleciona alguns prêmios: Bahia de Cidadania em 2003; Prêmios de Estímulo ao Circo da Funarte-MINC em 2004, 2005, 2006 e 2009; Prêmio Escola Viva em 2007; Prêmio Ludicidades em 2008; Prêmio ASAS em 2009 e em 2010 Prêmios Agente Escola Viva e Agente de Cultura Viva (ambos do Ministério da Cultura) e Prêmio Orilaxé (do Grupo Cultural Afroreggae).


(Imagem: Laís Lacerda Vareda)

(Imagem: Laís Lacerda Vareda)

Para Everton Lima, integrante da EPC e assessor de gestão, a escola da mais que oportunidades. “ O Circo mudou completamente a vida de todos que fazem parte da EPC, afinal, é a arte que nos foi escolhida para atuar no mundo de forma mais enfática. Assim, seja estudando o Circo, seja relacionando o Circo as práticas pedagógicas ou enquanto artista circense, tudo o que somos e fazemos, a forma com que atuamos, os valores que repassamos, os aprendizados, as conquistas, as articulações, o conhecimento, as experiências, tudo passa pelo Circo. O Circo traz muito essa noção de convívio com o outro, com o diferente, de repeito a diversidade, de olhar para o novo, de curiosidade, de agregação, desafio, encantamento, de coletividade, entre tantos outros valores fundamentais para viver plenamente.”


(Imagem: Laís Lacerda Vareda)

Orgulhoso por falar do projeto que tem ajudado a construir, Lima faz uma expressão do tipo “cara, é muita gente”, quando perguntado se alguém que participou da iniciativa está trabalhando com arte circense hoje. “Em circo propriamente temos Wellington que foi monitor de acrobacia no início da escola e desde 98 faz parte do Cirque du Soleil. Porém, temos jovens que montaram suas próprias trupes como é o caso da Trupe Etnia formada por 04 ex-integrantes da Trupe Circus, outros que estão atuando com Circo aqui no país e lá fora em projetos e companhias como Jannesson que está na Itália, Eronildo na Áustria, Ronaldo Aguiar em São Paulo, Alexandre Santos na Escola Nacional de Circo no RJ, entre outros. Outro resultado interessante é que hoje duas instâncias públicas ligadas a arte circense em PE estão ocupadas por jovens oriundos do processo da EPC, como Suenne Sotero que integrou a Trupe Circus por 05 anos e hoje é a Coordenadora de Circo da Fundarpe (Governo do Estado) e Cleiton Orman que ingressou na EPC desde sua fundação como aluno até o ano de 2012 e hoje é o gerente de Circo da Prefeitura do Recife”, contou com um entusiasmo ímpar.


(Imagem: Laís Lacerda Vareda)
Seja na Macaxeira, no Recife, em Pernambuco, no Brasil ou no mundo, a Escola Pernambucana de Circo tem mostrado que toda a magia e alegria presentes no picadeiro podem iluminar sonhos e vidas fazendo deles um grande espetáculo. Você pode encontrar mais informações da Escola através do site ou pelo telefone (81) 3266-0050.

Reportagem: Mariana Albuquerque

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